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Siderurgia cresce, mas aço chinês pode travar novos investimentos

O primeiro trimestre expôs, mais uma vez, os desafios estruturais da siderurgia brasileira: concorrência predatória do aço importado - especialmente da China -, demanda interna desigual e impactos de políticas comerciais externas, como as tarifas americanas. Ainda assim, o setor deu sinais de recuperação, com margens melhores e reequilíbrio operacional, como mostram os balanços das empresas de capital aberto.
Apesar da competição externa, a demanda doméstica de aço cresceu no período, com destaque para os setores automotivo, construção civil e linha branca. Mas a alta da Selic, atualmente em 14,75% ao ano, e a tendência de que se mantenha em patamar elevado por mais tempo podem esfriar setores essenciais para o consumo de aço, como a construção civil.
Além disso, o sistema híbrido de cotas e tarifa de 25%, implementado pelo governo para conter a entrada excessiva de aço importado, não surtiu o efeito esperado. Como a medida está prevista para vigorar apenas até o fim de maio, o setor vive momentos de apreensão.
Segundo dados do Instituto Aço Brasil, nos quatro primeiros meses do ano, as importações aumentaram 27,5% e atingiram 2,2 milhões de toneladas. As usinas têm elevado o tom e ameaçam suspender ou adiar investimentos caso o governo brasileiro não adote medidas mais eficazes contra o que classificam como invasão do aço chinês.
O presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, disse em teleconferência que a companhia estuda reduzir os investimentos já a partir do próximo ano. A Usiminas segue a mesma linha: seu presidente-executivo, Marcelo Chara, declarou que a empresa poderá rever para baixo a previsão de investir cerca de R$ 1,5 bilhão no Brasil em 2025, caso não haja uma resposta mais firme do governo.
Artur Bontempo, analista principal de minério de ferro e aço da Wood Mackenzie, observa que, com o aumento da importação de aço, as empresas têm se posicionado em relação às medidas protetivas do governo. Por se tratar de um setor intensivo em capital, ele destaca que é fundamental um ambiente estável para que a indústria tome decisões de maneira estruturada.
“Outro ponto é o perfil do parque industrial siderúrgico brasileiro, já que a maior parte das unidades iniciou operações na década de 60 ou de 80 do século passado. Embora ainda operem com eficiência, pode faltar estímulo para novos planos de ampliação ou modernização”, diz o analista.
Além desses fatores, o setor observa com apreensão outras frentes. A possibilidade de desaceleração da economia global, especialmente na China, impacta diretamente o preço do minério de ferro e reduz a atratividade das exportações de aço.
Filipe Bonaldo, líder Brasil A&M Infra, observa contextos distintos. CSN e Itaminas têm um aumento no endividamento por conta de juros e a pressão do excesso de aço entrando no Brasil. “Elas sofrem exatamente o que está acontecendo em nossa economia: juros elevados junto a um forte movimento de importação”, diz. “Isso faz, inclusive, com que elas tenham que segurar novos investimentos, naturalmente investimentos de expansão”.
Empresas sofrem com juros elevados junto a um forte movimento de importação”
— Filipe Bonaldo
Enquanto isso, Bonaldo nota que Gerdau e ArcelorMittal, por atuarem de forma mais internacionalizada, não enfrentam pressões apenas do mercado brasileiro. Sua estrutura de capital e seu nível de endividamento são menos pressionados, especialmente em comparação ao cenário nacional.
Além disso, as duas companhias possuem presença relevante em mercados externos. A Gerdau, por exemplo, está exposta ao mercado americano, que conta com mecanismos de proteção comercial que ajudam a preservar o resultado operacional (Ebitda), reduzindo o impacto na alavancagem. A ArcelorMittal, por sua vez, tem presença global diversificada, o que a protege de forma semelhante.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, diz que a queda da demanda chinesa de aço agrava o ambiente de prática de preços subsidiados. Segundo o dirigente, os mecanismos antidumping aprovados na Organização mundial do comércio (OMS) devem ser implementados.
“Nós acreditamos que todos os processos antidumping que estejam sob análise deveriam, nesse momento específico, ser concedidos com direito provisório, já que o mundo vive um momento de muita turbulência”, afirma.
Já os segmentos que consomem aço, como a construção civil, avaliam que onerar a importação levaria a um aumento geral dos preços do material, com impacto direto no custo da obra e na atratividade do segmento.
Outros setores importantes para o consumo de aço, como máquinas e equipamentos, apontam redução no crescimento. O segmento alega que a alta nos custos de insumos, especialmente o aço nacional, é um dos fatores que comprometem sua competitividade.

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