Com corte de custos, Gerdau prevê melhor cenário para o ano
Com foco em corte de custos e na revisão de suas operações no Brasil, mercado que tem sido destino de um volume crescente de produtos siderúrgicos importados, a Gerdau conseguiu superar suas pares nacionais e estrangeiras mais expostas às matérias-primas dolarizadas e ao mercado global no segundo trimestre. E deve entregar resultados mais fortes ao longo do segundo semestre, embora o cenário siga desafiador para os produtores de aço.
Enquanto a companhia brasileira vê com relativo otimismo os próximos meses, rivais com atuação global, como ArcelorMittal e Nippon Steel, trabalham com estimativas mais pessimistas, e chegam a falar em um momento “sem precedentes”, referindo-se à maior oferta de aço chinês no mercado global a custos mais competitivos - e eventualmente subsidiados - e menor demanda global.
Segundo Gustavo Werneck, presidente da Gerdau, a siderúrgica já concluiu a readequação de seus ativos no Brasil e todas as suspensões ou fechamento de capacidade planejados foram anunciados. “Não há a mínima possibilidade de desinvestimento no Brasil”, afirmou. “O que estamos fazendo é migrar a capacidade de uma usina para outra, com foco em eficiência e redução de custos”. Um dos principais pontos dessa estratégia passa pela usina de Ouro Branco (MG), que tem parte de sua produção voltada ao exterior.
O plano da siderúrgica é transformar parte dessa capacidade que é exportada para atendimento ao mercado doméstico. O investimento na expansão de bobinas a quente, que vai adicionar 250 mil toneladas por ano de capacidade produtiva na usina, deve ser concluído até o fim do ano.
Diante das medidas recentes para redução de custos e readequação de sua base de ativos, a Gerdau projeta seus custos na operação brasileira em 2025 serão R$ 1,5 bilhão menores do que os realizados em 2023, de acordo com o vice-presidente de Finanças, Rafael Japur. Em junho, a Gerdau fechou a usina de Barão de Cocais (MG) e suspendeu operação das unidades de Sete Lagoas (MG) e Cearense (CE).
“Com essas iniciativas, esperamos capturar R$ 1 bilhão de forma anualizada em economias”, afirmou. Nos seis primeiros meses, os ganhos ficaram em R$ 150 milhões. Para o segundo semestre, a expectativa é de ganhos adicionais de R$ 400 milhões com a maior alavancagem operacional das usinas no país, redução de custos e menor consumo de materiais. “Em 2025, teremos a anualização desses ganhos.” Outros R$ 500 milhões devem vir de economias em outras operações.
Segundo Japur, um terço das vendas da Gerdau no Brasil corresponde a aços planos e dois terços, de aços longos. Com o novo investimento em bobinas a quente e a migração para o mercado doméstico de parte do volume que antes era exportado, esse mix deve ficar em 40% de aços planos e 60%, aços longos. No total, a capacidade de produção de bobinas a quente da siderúrgica no país chegará a 1 milhão de toneladas anuais.
Essa readequação dos ativos no país dá sequência a iniciativas que já foram tomadas em outros países, já há alguns anos e que incluíram, entre outras ações, a suspensão de operações nos EUA e a venda da operação americana de vergalhões. Sobre os planos de instalar uma nova usina no México, Werneck disse que os estudos de viabilidade estão avançando. A expectativa é tomar uma decisão até o fim do ano.
O presidente da Gerdau disse que o ambiente mais desafiador para os produtores de aço no mundo é menos sentido pela siderúrgica brasileira, por causa das decisões estratégicas que levaram à concentração de sua atuação nos mercados em que tem melhores condições de competir. Ele disse que o mercado brasileiro de aço deve começar a sentir os efeitos das medidas de defesa comercial adotadas pelo governo em junho ao longo do segundo semestre e os resultados são promissores.
Uma das vantagens da Gerdau em relação as suas rivais no Brasil é a base de custos. Embora parte do minério seja comprado em dólar, apenas 20% a 25% dos custos da operação brasileira estão expostos à moeda estrangeira, diferentemente da Usiminas, que reportou custos muito mais elevados no trimestre.
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